Entre máscaras e emoções: uma tarde de muita alegria e animação!
O Carnaval 2024 no Residencial Santa Cruz foi comemorado na última sexta-feira; nossos residentes entraram no clima de descontração ao lado de seus familiares com direito a uma banda ao vivo e uma linda passista
Quem nunca entrou em uma instituição de longa permanência, talvez tenha uma ideia equivocada de um ambiente onde residem a ociosidade e a falta de motivação. Pois é justamente o contrário que o Carnaval do RSC deste ano demonstrou.
Quando nossa equipe chegou ao salão onde são feitas as refeições, não imaginava o que estaria por vir. Pensávamos que haveria mesas com comidinhas gostosas, boa música no playback, residentes, seus familiares e funcionários servindo a todos. De fato, havia tudo isso, mas o que não esperávamos era o trio de músicos que, de repente, entrou tocando ao vivo, e uma passista sambando entre as mesas e levando muita alegria e animação.
Foi um tal de senhoras e senhores se levantando para dançar, que não houve quem não fosse contagiado por aquele clima de festa – inclusive a equipe de funcionários! Salão decorado, sorriso estampado em cada rosto, uma animação geral. Quem não pôde dançar, ficou aproveitando o som, as famílias presentes e toda aquela movimentação.
Guido Jorge Martins, residente que completa 92 anos em maio, estava com a filha, Silvia, ambos muito animados e em plena sintonia. Começamos a conversar e logo deu para perceber que eles desfrutam de um momento singular na vida deles.
Há seis meses, sr. Guido chegou no Residencial com a intenção de “fazer um teste”. Exatamente isso! Como ele é lúcido e vivia bem em sua casa no interior de São Paulo, não pensava em deixar sua autonomia. Com o tempo, alguns problemas motores começaram a surgir e ele, então, juntamente com os filhos, decidiram pela moradia de longa permanência.
Voltando um pouco para o tema desta reportagem, pergunto a ele se tinha gostado de brincar o Carnaval. “Eu gostei porque as minhas pernas estavam paralisadas há muito tempo”, explica.
Inevitável falar de saúde em um momento como aquele, afinal, poder levantar e dançar aos 91 anos, não é uma tarefa simples. Mas se as pernas do sr. Guido estavam paralisadas, como ele conseguiu ficar em pé e acompanhar a melodia do samba?
Por conta de uma Erisipela (infecção na pele causada por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos), ele estava com muita dificuldade para caminhar. Sr Guido tem diabetes, e uma queda em casa provocou uma série de limitações. Mas com o tratamento ao qual ele foi submetido no RSC e muita determinação para voltar a andar, Guido agora só se utiliza de um andador. Ele não depende mais de uma cadeira de rodas que o acompanhou por um tempo.
“Qdo eu cheguei aqui, fiquei surpreso que havia um grupo de enfermeiras especializadas em tratamento de feridos. Tinha uma enfermeira que me visitava dia e noite. E as pernas foram melhorando devagarinho com a fisioterapia que eu fazia todos os dias.
“Depois desse trabalho intensivo, sr. Guido está independente, fortalecido e com um bom equilíbrio, explica Daiane Lima de Souza, fisioterapeuta do RSC.
A professora Silvia Martins, filha de Guido, fala com muita tranquilidade a respeito da mudança completa na vida dele. “Ele diz: ‘eu estou feliz aqui’. Meu pai sempre fez muito artesanato, ele fazia cestinhas de rolinho de jornal, e eles deram abertura para ele ensinar outras pessoas aqui no RSC. Ele participa de tudo e esse convívio faz muito bem a ele”, diz Silvia.
O cuidado integral do idoso é um dos apontamentos da família como um requisito importante na escolha do novo lar. Silvia tem mais quatro irmãos e todos manifestam a mesma preocupação. “A gente vê que meu pai tem 24 horas de acompanhamento, e isso nos dá muita segurança. Aqui é um lugar que se preocupa com o bem-estar deles, e não só na saúde, mas também com a parte emocional e de convívio”, conclui.
Uma amizade de 85 anos
No meio da festa, sr. Guido nos apresenta um outro residente com a mesma idade dele, a mesma lucidez e um detalhe incrível: eles são amigos desde os sete anos de idade! Paulo de Toledo Piza, dentista aposentado, foi morar no RSC dois meses antes do amigo de infância.
Ao saber disso, Guido ficou mais motivado a ir também. “Quando eu soube que o Paulo veio se hospedar aqui, eu resolvi fazer uma experiência”.
A decisão de uma pessoa saudável ir morar em uma ILPI (Instituição de Longa Permanência para Idosos), passa por uma série de questões e, no caso deles, a lucidez é o que mais chama a atenção. “Vim para cá, justamente por ser lúcido e perceber que eu já não podia mais ficar na minha casa sem um acompanhante, um cuidador. Eu entendi que uma pessoa da minha idade corre riscos”, explica sr. Paulo.
Um pouco mais tímido, Paulo ficou sentadinho à mesa observando a festa. Ele nos conta que gosta de todas as atividades ofertadas no RSC. “O que tiver aqui, eu vou estar sempre participando”, diz. Sr. Paulo tem consciência de que não é comum uma pessoa na idade dele ter a condição cognitiva preservada, o que ele chama de condição “racional”.
“Não é próprio de quem tem 91 anos de idade ter discernimento e a capacidade de julgar e de se cuidar que nós temos”.
E o que o sr. Guido tem a dizer sobre esse convívio com o amigo de mais de oito décadas? “Magnífico! Costumamos almoçar Paulo, eu e mais dois residentes. Nos chamam de Os Mosqueteiros!” (Risos).
Alguém tem dúvida de que eles se divertem juntos?