Faíscas da Vida: a inspiração de uma missionária residente no Residencial Santa Cruz
Com mais de 60 anos de vida religiosa dentro e fora do Brasil, Irmã Eleanora Snyder acaba de lançar seu primeiro livro na Biblioteca Padre Moreau, no Colégio Santa Maria
Por Alessandra Seidenberger
Há alguns meses, o RSC recebeu uma nova hóspede: a missionária americana Eleanora Snyder, religiosa da Congregação das Irmãs da Santa Cruz.
A americana nascida em Washington, sempre foi bastante ativa, mas por conta de uma queda que a deixou mais vulnerável, ela veio para o RSC e tem acompanhamento com nossa equipe para sessões semanais de fisioterapia, entre outros cuidados.
Aos 85 anos de idade e bem ativa do ponto de vista intelectual, Irmã Eleanora acaba de lançar seu primeiro livro, “Faíscas da Vida”, que traz as experiências dela, por meio de contos sucintos, mas não menos emocionantes de uma vida dedicada a servir ao próximo. Uma leitura leve, agradável e que nos faz “viajar” e refletir junto com a autora sobre o valor da vida, a empatia e o amor genuíno ao ser humano.
A nova moradora do RSC atuou no Peru, no México e aqui no Brasil.
Pergunto se ela sempre gostou de voluntariado, de trabalhar em prol de causas humanitárias. “Eu tinha uma família muito amorosa, um lar onde eu aprendi a amar e a ser amada. Quando jovem, eu não tinha muita clareza do que é uma vida religiosa; eu só pensava em dar minha vida a Deus”, explica.
O início da jornada
Depois de seis anos lecionando nos Estados Unidos (a Irmã é graduada em História), Eleanora se candidatou para servir em missões. “Foi quando eu vim para o Brasil, em 1966. Fiquei 1 ano acompanhando as crianças do Jardim da Infância no Colégio Santa Maria, e depois fui para Cidade Dutra (extremo da zona sul de São Paulo)”.
Os relatos da Irmã Eleanora no livro são justamente a partir das experiências dela na capital paulista, passando também pelo Paraná e pela Bahia, onde ela permaneceu por cerca de seis anos. Em São Paulo, a missionária morou na região central, trabalhando em um projeto com pessoas em situação de rua.
Do Brasil para o mundo
Do Nordeste brasileiro, Eleanora seguiu para o Peru, um país muito “difícil”, segundo ela. “O Brasil é muito aberto, muito alegre, mas o Peru tem uma certa seriedade”. Ali, a religiosa trabalhou em várias frentes, alimentando, orientando, estando presente na vida da população. Nas palavras dela, “fazendo o que precisava ser feito”, com todo o desprendimento necessário a uma mulher que dedicou toda sua vida a servir ao próximo.
A experiência no México não foi tão agradável inicialmente para ela, que viu o sofrimento dos imigrantes tentando sair do seu país para viver nos Estados Unidos. O convite de uma colega de ministério para ir ao México foi o que mobilizou o coração empático e generoso da Irmã Eleanora a fazer as malas naquela ocasião. No total, foram cinco anos servindo em terras mexicanas.
Rotina atual
Leitora voraz, a (agora) escritora gosta de vários gêneros literários, que vão da Física passando pela espiritualidade e o entretenimento, sempre focando na manutenção da sua saúde mental.
“A leitura nos faz sair do nosso mundinho, amplia a nossa capacidade de compreender o que se passa no mundo”, diz.
Sobre a estadia no RSC, Eleanora não pensa duas vezes e responde: “surpreendentemente, estou feliz aqui. Sou feliz e grata pela vida. Gosto de conversar, de trocar com as pessoas”.
Ela diz que é surpreendente porque achava que se sentiria improdutiva, o que felizmente não aconteceu.
Produtividade é o que a define, pois sua mente permanece ativa. Um dos desejos de Irmã Eleanora é poder estimular outras pessoas a ler.
Pergunto a ela: quem sabe até lançar um segundo livro?
Ela acredita que não. O tempo dirá!