Devido ao panorama atual, no qual existe a necessidade de distanciamento social como método preventivo ao Covid-19, as Instituições de Longa Permanência não podem comemorar a festa junina em conjunto com as famílias. Com isso, o Residencial Santa Cruz desenvolveu uma confraternização juntamente aos residentes e profissionais, para celebrarmos a vida e representarmos um dia tão especial para a cultura brasileira. Consideramos como oportuno, após meses seguindo rotinas e protocolos rígidos, proporcionar interação social entre todos que convivem neste local, possibilitando divertimento, emoções positivas e autoestima, bem como, sensações de alegria, liberdade e satisfação.
Desde o início do mês de junho, itens que caracterizam esse universo do dia de São João foram ganhando espaço na instituição, sendo decorado com bandeirolas, mesas enfeitadas e coloridas. Deixamos cada ambiente do espaço de confraternização com um jeitinho especial e repleto de detalhes para representar esta tradição. O maior destaque foi a fogueira, criativamente confeccionada com muito apreço e ousadia, pois cada material utilizado para caracterizar a madeira e o fogo, trazia uma sensação de realidade e nos fazia lembrar dos momentos que nos reuníamos em volta da fogueira para nos aquecer e dançar.
A festa junina, no Residencial Santa Cruz, foi planejada desde o preparo de comidas típicas, como pipoca, pamonha, bolos, doces variados e cachorro quente, assim como as bebidas, como quentão sem álcool e o chá de amendoim, que não podíamos deixar de fora. Desta forma, todos nós pudemos nos deliciar e aproveitar os sabores variados, representados por um cardápio exclusivo e diferenciado para os idosos, respeitando as limitações e bem-estar de cada morador.
O momento mais esperado foi a quadrilha composta pelos profissionais do Residencial Santa Cruz, a fisioterapia, psicologia, enfermagem, nutrição, hotelaria, manutenção, recepção e portaria, juntamente com os idosos. Realizávamos ensaios durante a semana, onde possibilitamos a inclusão de todos os residentes na dança, independente da sua limitação. A cada ensaio presenciávamos uma surpresa e uma superação dos moradores quanto a necessidade de expressar sua alegria, autonomia e identidade em cada movimento corporal, seja nas expressões faciais, no balanço dos pés no ritmo da música ou até mesmo no rebolado das moças e gingado dos moços.
No dia do grande evento, todos os profissionais e idosos criaram, naturalmente, um sentido de permanência, que se perpetuou logo no momento que cada morador despertou pela manhã, pois todos estavam ansiosos e com enormes expectativas. Logo, percebemos a proporção do desejo de ser um dia especial, evidenciados pelos gestos, mudança de rotina e todos se convidando para dançar, a interação estava sendo fortalecida entre residentes e colaboradores a todo instante.
Assim, toda essa corrente enérgica, criada para que tudo fosse possível, proporcionou uma enorme festa para todos os envolvidos, na qual percebemos uma potência vital, afeto e reconhecimento pelo outro. Neste momento, foram construídos igualdade e pertencimento a partir de enxergar o outro como uma pessoa que estava se divertindo. Com isso, comemos e bebemos, dançamos em volta da enorme saia colorida, balançando e criando movimento, como também, aproveitamos a quadrilha, com direito a narração, até mesmo posamos com muita alegria para fotos. Consideramos essa festa junina criada pelo Residencial Santa Cruz, não somente como um evento, mas também, como uma ação que trouxe sentido de vida para todos.